sexta-feira, 11 de abril de 2014

AVALIAÇÃO E PROBABILIDADES DE DILMA VENCER/PERDER

(Cristiano Romero - Valor, 02) Nos Estados Unidos, são comuns as pesquisas que procuram verificar as chances de ocupantes de cargos executivos a partir da avaliação de seus governos. No Brasil, quem está fazendo isso pela primeira vez é o cientista político Alberto Carlos de Almeida, fundador do Instituto Análise.
     
Num trabalho exaustivo sobre 104 eleições para governador ocorridas entre 1998 e 2010, Almeida constatou que, em 100% dos casos, os governadores que disputaram a reeleição e que, na última pesquisa antes do primeiro turno, tinham 46% ou mais de aprovação (soma de ótimo e bom) saíram vitoriosos. Descobriu também que 100% daqueles que tinham 34% ou menos de ótimo e bom foram derrotados.
      
Os números mostram, ainda, que 40% a 43% dos governadores que possuíam avaliação de ótimo e bom entre 35% e 45% foram reeleitos. "A derrota é um pouco mais frequente nesta faixa de avaliação", explica Almeida.   Nos 104 pleitos analisados por Almeida, registraram-se 46 casos de reeleição "clássica", 22 de reeleição "manca" e 35 de não reeleição.
      
Uma transposição da experiência dos governadores para a situação da presidente Dilma mostra que seu patamar de ótimo e bom neste momento - 36%, de acordo com a pesquisa CNI/Ibope - a coloca com aproximadamente 40% a 43% de chances de vitória em outubro. É pouco para quem já teve o governo aprovado por 63% da população (em março de 2013).
    
No início da campanha eleitoral de 1998, Fernando Henrique tinha seu governo avaliado como ótimo e bom por 38% da população. Durante a campanha, a avaliação melhorou, subindo cinco pontos percentuais (para 43%). O presidente liquidou a fatura no primeiro turno da eleição.   Em 2006, Lula começou a campanha com sua gestão avaliada como ótima e boa igualmente por 38% da população. A avaliação ao longo da campanha cresceu mais que a de FHC em 1998, chegando a 47% dos entrevistados na pesquisa realizada antes do primeiro turno da eleição. Lula venceu a disputa, mas, curiosamente, apenas no segundo turno.
     
"Tenho dito para todos que a avaliação da presidente está no limbo: se piora um pouco é o inferno, se melhora um pouco é o céu. Só depende dela", diz Almeida, lembrando que limbo vem da palavra em latim que significa beira, borda.  É importante observar que, neste momento, as pesquisas de avaliação do governo são mais relevantes que as de intenção de voto. A razão é simples: afora a presidente, os contendores - até aqui, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) - ainda são desconhecidos da população, nada que uma campanha não possa mudar ao longo do tempo.

O QUE NOS DIZ O DATAFOLHA SOBRE 2014: CRESCE O PESSIMISMO

Uma nova pesquisa do Datafolha, 2 e 3 de abril. Assim como no IBOPE, a avaliação ótimo+bom de Dilma caiu para 36%. O Datafolha nos diz que a intenção de voto em Dilma caiu para 38%. Somando os que não marcam nenhum candidato e os que marcaram os candidatos "menores", são 35%. Sem eles, os que não marcaram nenhum, caem de 29% para 25%, como se uma lista grande confundisse o eleitor. Dilma passa a 43%, Aécio de 16% vai a 18% e Eduardo Campos de 10% vai a 14%.
O mais importante da pesquisa Datafolha é a reversão geral da opinião pública. Dilma cai. Todas as funções de governo têm sua desaprovação com forte aumento. A proporção daqueles que estão de acordo com as manifestações nas ruas, que havia diminuído, voltou a crescer passando de 52% para 57%.
Marina -que de certa forma sinaliza a antipolítica- e que havia caído nas últimas pesquisas, volta a subir, chegando a 27% e, com isso, provocando segundo turno. Pode ser que ela tenha se beneficiado dos comerciais e do programa do PSB. Mas o principal ator neles -Eduardo Campos- não teve nenhum ganho com a visibilidade. Registre-se que a pesquisa foi realizada logo após o programa e os comerciais do PSB.
Os segmentos onde a rejeição a Dilma eram maiores acentuaram essa rejeição. Ou seja: sudeste (29%) e níveis mais altos de renda (20%) e instrução (22%). Mas nos segmentos em que Dilma tem as maiores taxas de aprovação, ela mantém esse apoio: nordeste (54%) e níveis menos de renda e instrução. É aí que está ancorada.
São 63% os que acham que Dilma faz pelo país menos do que eles esperavam. Há cerca de um ano, essa taxa era de 34% /72% querem que o próximo presidente atue de maneira diferente da de Dilma.

“SE ELES LÁ NÃO FAZEM NADA, FAREMOS TUDO DAQUI!”

“SE ELES LÁ NÃO FAZEM NADA, FAREMOS TUDO DAQUI!”